domingo, 13 de setembro de 2009

Não digas onde acaba o dia.
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,Onde termina o céu
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde és Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa,completamente silencioso,
Até a glória de ficar silencioso,Sem pensar.

Cecília Meireles - Cânticos

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Encantamento em Inhotim

Dizem que o verde leva esperança
Dizem que os olhos são almas em espelhos
Disseram algo sobre o amor
Olhando tons ciano e amarelo

Natureza florida
Salas contendo o contemporâneo
Cores de esperanças
Contemplavam-me inteiramente

Risos, sorrisos e distâncias
Palavras e encantamentos
Descortinando-se
Entre cantos de pássaros

Ao findar um por do sol
Céu azul brilhando no alto
Ruídos de estrelas, anoitece
Lembranças de Inhotim

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Interna Força

Quando ela vem intercede tudo
Altera linhas retas
Muda o que era inalterado
Faz presente o agora

Gotas d’água transbordam
Num agito profundo do coração
Sem esperanças seguimos
Ainda atingidos pelos trovoes

Olhos se fecham
Sombras acabam
Um grito silencia
Uma voz termina

Resistência marcha firme
Fortaleza derruba o som
Transforma e constrói
Mundo novo nasce

Encontro com a alma

Onde esta o meu templo?
Como pude deixar de sentir?
Porque as gotas de sal continuam a cair desses olhos?
Como pude deixar de chorar?

Qual é a sua cor?
Como é o seu som?
Que distancia esta de mim?
Como pude deixar de orar?

Porque fica sussurrando aqui?
Porque fala nesse tom?
Como faço para abrir?
Como faço para sentir?

Quando fecho os olhos
Vejo sua cor
Quando silencio
Escuto seu tom
Quando me aproximo
Percebo que estas sempre aqui
Quando oro
Encontro meu templo

Olhar para Frente

Olhar para frente
Dizer a verdade
Usar a vontade
Da alma e da mente

Ser consciente
Do tempo de tudo
Vai ser diferente
De agora em diante

Sempre quis achar
Na ponta do arco Iris
luz e sementes
De amor para os corações

Se a distancia entre tudo
É apenas ilusão
Devemos abrir os olhos
E fazer um dia melhor

E se a vida transformar
A paz em guerra
O amor em ódio
Existe uma luz maior
É só olhar para frente

Solidão em fases

Calo-me no silencio profundo deste tempo
Olho-me completamente nua, agora
Vejo-me dilaceradamente aberta em ti
Solidão acompanha-me, cresço, choro

Estive perto ao temor desta perda
Cavalgando trilhas de espinhos
Passando por rios de sangue
Chegando ao desconhecido

Tudo escuro, espero, respiro desperto
Mas onde estarão seus olhos?
Para onde foi o seu olhar?
Solidão! Apresenta-se crescente

Ficaram para trás todos os risos
Mas e nossos novos sorrisos?
Queria poder ouvi-los
E entrar, mundo seu

Acreditar

E veio, finalmente veio
A distância dissecante
Do seu passo dianteiro
Acabando no meu ser

Tiras de minha boca
As belas correntezas
Sinto no silencio
O compasso do vazio

Não crês no que digo?
Perdoa o vendaval
Sim perdoa o vendaval
Somente ficará o Bem

Vence comigo a dor
Vence consigo e seja
Tire o véu e veja
Somente eu e você

Partes

Se eu pudesse dizer a você meu amor
O que mais dói em minha dor
Seria a dor de não ter vivido
Aquilo que seria nosso

Se ontem eu pudesse ter dito
Se hoje eu pudesse falar
Se no amanhã eu estiver calada
Será somente porque não pude

Cresci aqui dentro, meu querido
Aqui bem no não dito
Aqui onde a distancia faz caricias na saudade
E chorei quando se derreteu nossas partes

Silenciei para tentar escutar-te
Aprofundei para tentar entender-te
O melhor de mim, todas as partes
O que faltou para você meu amor?
Vida?

Depois da chuva

Existe um lado que é sombra
Um lado que grita e geme
Uma parede pintada de cinza
Um punhal no peito

Fortemente sai
Manifesta secura e dor
Escurece o dia
Suga o coração

Chove! gotas grossas grudam
Chove! apagando as estrelas
Chove! paralisando as estradas
Chuva purificando o todo

Existe um lado que é luz
Um lado que sussurra e silencia
Uma parede pintada em tons dourados
Uma cicatriz no peito

Fortemente entra
Manifesta luzes e cores
Clareia a noite
Resplandece o coração

Sai o sol! clareia o caminho
Sai o sol! raios de amor
Sai o sol! nascer de esperançasSol penetrando o todo

Iusão da Dor

Em pedaços encontro minhas partes hoje
Em desordem listo infinitas dimensões
De uma perda sem fim
De um fim que não tem fim

Diante de um castelo
Derrubado depois de um só sopro
Atingido por tão pouco
Um pouco que vem de muito

Transformação, abalo, tremor
Surda sensação mediana
Que se instala bem abaixo do coração
Este coração que quase esqueceu o viver

De um laço indizível
Inalterável, interminável
Indestrutível, se mantém
Um começo apenas, ilusão

Separar e juntar os espaços vazios
Sobras do que não foi
Em um por do sol apenas
Mais um dia se vai...